Todo apoio a Jones Manoel contra o terrorismo neonazista
- Lígia Cerqueira Fernandes
- 20 de out.
- 2 min de leitura

Jones Manoel, militante do PCBR, vem denunciando há semanas as ameaças à sua vida e integridade feitas por um grupo que se autodenomina nazista. Os supremacistas, por meio de e-mails, demonstram conhecer diversas informações pessoais sobre ele e seus familiares, além de proferirem graves injúrias raciais. O grupo exige uma quantia em dinheiro, ameaçando ir até sua residência e atacá-lo caso a exigência não seja atendida.
O grupo neonazista, identificado pelos advogados de Jones como responsável pelas ameaças, é uma organização de alcance internacional, com atuação também na Europa e nos Estados Unidos. Estima-se que seus membros estejam envolvidos em cerca de uma dúzia de assassinatos ao redor do mundo, sendo cinco deles ocorridos apenas nos Estados Unidos. O grupo se declara abertamente “nacional-socialista”, incita a guerra racial e defende a criação de um Estado étnico de supremacia branca por meio de ações terroristas.
Nenhum marxista minimamente responsável e coerente pode encarar esse tipo de situação como mera bravata ou simples histrionismo político. É natural que existam, entre nós, diferentes interpretações sobre o real peso social da extrema-direita no Brasil e no mundo, bem como sobre a própria existência de algo que se possa chamar de fascismo – ou “neofascismo” – enquanto expressão política da luta de classes no capitalismo contemporâneo. No entanto, a violência e o uso sistemático do terror pela chamada alt-right – a “direita alternativa”, denominação estadunidense para a vertente mais irracional e radicalizada da direita – revelam-se uma realidade concreta. No Brasil, figuras como Eduardo Bolsonaro, Nikolas Ferreira e membros do MBL aproveitaram o assassinato do militante direitista norte-americano Charlie Kirk para tentar insuflar o medo e a repulsa contra nós, comunistas, nos responsabilizando pela violência que, na verdade, é promovida por eles.
Independentemente do grau de concordância que se tenha com as posições de Jones, sua forma de agitação e propaganda o projetou, de fato, no debate público como uma figura da esquerda comunista, motivo pelo qual agora ele é alvo da ferocidade anticomunista. Portanto, o caso diz respeito, em primeiro lugar, à vida e à integridade física de Jones, além de servir como um prenúncio do nível de violência que pode vir a atingir toda a esquerda marxista no país.
Embora o marxismo ocupe hoje um espaço reduzido e de pouca influência na dinâmica geral da conjuntura, cabe a nós exigir uma investigação rápida e a devida resolução do caso, além da garantia imediata da segurança de Jones. Se os marxistas brasileiros, seja qual for sua profissão de fé – “marxismo-leninismo”, “trotskismo”, “maoísmo” –, não forem capazes de demonstrar o mínimo de preocupação diante de uma situação como esta, então nossa crise ideológica será, mais uma vez, confirmada pelo sectarismo caduco e pela cegueira da autoconstrução.
Todo apoio e solidariedade a Jones Manoel contra as ameaças do terrorismo neonazista.
Comitê editorial da Revista Barravento, 21 de outubro de 2025




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